Direita no Brasil
Lula e Itamaraty mantêm silêncio sobre ameaças de Nicolás Maduro
Apesar de sua constante retórica em defesa da democracia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Itamaraty têm se mantido em silêncio diante das ameaças proferidas pelo ditador venezuelano Nicolás Maduro. Nesta quarta-feira (18), Maduro previu um “banho de sangue” e uma “guerra civil fratricida” caso perca as eleições presidenciais, marcadas para 28 de julho.
Especialistas em política e comunicação apontam que essas declarações de Maduro criaram uma situação complicada para o governo brasileiro. Tales Faria, colunista do portal UOL, destacou a desconexão entre as promessas de Maduro sobre eleições democráticas e as suas ameaças violentas, colocando Lula em uma posição embaraçosa. “Lula tem uma proximidade com Maduro e afirmou que as eleições lá seriam democráticas. Agora, com as ameaças de Maduro, fica para o Itamaraty lidar com uma situação muito difícil e complicada. Provavelmente, Lula não se manifestará publicamente contra Maduro”, afirmou Faria.
Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em segurança global, defende que a gravidade das declarações de Maduro exige uma resposta pública mais contundente por parte do governo brasileiro. Em conversa com a coluna de Roseann Kennedy, do Estadão, Rudzit afirmou: “A gravidade das declarações de Maduro demanda uma declaração pública forte. No entanto, devido a visões ideológicas, isso não tem sido feito pelo governo e pelo presidente.”
Denilde Holzhacker, especialista em América Latina e Estados Unidos, sugeriu que o Itamaraty emita uma manifestação diplomática de preocupação. “Não é necessário um confronto direto, mas uma declaração de preocupação poderia ser adequada. O Itamaraty poderia emitir uma nota expressando que a violência é inaceitável e que o processo eleitoral deve ser respeitado”, comentou.
As ameaças de Maduro surgem em um contexto de crescente apoio à oposição, conforme indicam as pesquisas eleitorais. Em um comício realizado na terça-feira (17), Maduro afirmou que as eleições decidirão entre a paz e a “guerra civil”, ameaçando um “banho de sangue” caso a oposição vença. “Se a direita fascista enganar a população, pode haver um banho de sangue e uma guerra civil”, disse ele.
Maduro também falou sobre a necessidade de uma “união cívico-militar-policial” para garantir sua permanência no poder, destacando a força militar e policial de seu regime. “Somos uma potência militar e policial, com uma união cívico-militar-policial. Não vamos deixar que tirem nossa pátria”, acrescentou.
O silêncio do governo brasileiro diante dessas ameaças levanta questões sobre sua postura em relação à crise na Venezuela e à sua posição em defesa da democracia.
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