Magnata egípcio lucra milhões com ‘listas VIP’ para saída de palestinos de Gaza

Ibrahim al-Organi, um magnata egípcio conhecido como “Rei das Travessias”, transformou seu histórico turbulento em uma máquina lucrativa ao controlar a movimentação de palestinos na Faixa de Gaza. Após sofrer tortura severa na prisão e sobreviver a um derrame, ele ascendeu ao círculo íntimo do presidente Abdel Fattah al-Sisi, consolidando seu poder e influência, especialmente junto às Forças Armadas do Egito.

Desde o ataque terrorista do Hamas em outubro de 2023, al-Organi tem lucrado milhões ao gerir a “lista VIP” de refugiados que desejam deixar Gaza. O controle das fronteiras é rigidamente mantido, e a única empresa autorizada a facilitar a saída de pessoas é a Hala Tourism Services, fundada por ele em 2019. Esta empresa é responsável tanto pelo registro de viajantes quanto pelo transporte da fronteira de Rafah até o Cairo.

A trajetória de al-Organi é marcada por um início humilde e envolvimento em atividades de contrabando. Membro da tribo beduína Tarabin, ele começou como motorista de táxi. Em 2008, a brutal morte de seu irmão por um policial durante um protesto marcou um ponto de virada em sua vida, levando-o a ações de retaliação que incluíram cercar delegacias e manter policiais como reféns.

Sua prisão subsequente, seguida por quase dois anos de encarceramento, não impediu sua ascensão. Pelo contrário, ao sair da prisão, ele se firmou como líder de uma milícia no Sinai. Sob o governo de al-Sisi, tribos locais, incluindo a de al-Organi, foram mobilizadas para combater militantes na região.

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Em 2015, al-Organi ajudou a formar a União das Tribos do Sinai, alinhando-se estreitamente com o Exército egípcio. Dois anos depois, ele assumiu a liderança dessa milícia, fortalecendo ainda mais seus laços com as autoridades e expandindo seu império empresarial.

Hoje, a Hala Tourism Services não só facilita a saída de palestinos de Gaza como também capitaliza pesadamente sobre a demanda desesperada. “Para uma pessoa normal em Gaza, havia, antes da guerra, poucas opções para sair de lá”, relatou Mohammad (nome fictício), destacando a complexidade e a dificuldade da situação.

A saga de Ibrahim al-Organi é um exemplo contundente de como a determinação e a capacidade de navegar por situações adversas podem transformar um passado conturbado em um futuro de poder e riqueza, ainda que controverso.