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Direita no Brasil

Especialistas preveem aumento de até 40% no preço do feijão até o final do ano

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A seca que aflige o Brasil em 2024 é considerada a mais severa dos últimos 44 anos, conforme levantamento do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), encomendado pelo g1. Essa estiagem, que já se estende por 12 meses, está causando impactos profundos na agropecuária nacional, com prejuízos expressivos para pequenos produtores que carecem de sistemas de irrigação eficientes. A agricultura familiar, responsável por cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, é a mais atingida, e a falta de chuvas agrava ainda mais a situação, favorecendo a ocorrência de incêndios que destroem lavouras, especialmente em regiões como São Paulo, onde plantações de cana-de-açúcar foram duramente afetadas.

A escassez hídrica tem provocado uma escalada nos preços de alimentos básicos, como feijão, carne bovina e laranja. A produção de feijão carioca, o mais consumido no Brasil, tem sofrido gravemente, com cerca de 80% das safras perdidas devido à estiagem, segundo Marcelo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe). Esse cenário já está refletindo em aumentos de até 40% nos preços do feijão até o final do ano. Da mesma forma, a seca está deteriorando os pastos, dificultando a engorda do gado e reduzindo a oferta de carne bovina, o que, combinado com uma alta demanda interna e externa, pressiona os preços para cima.

A produção de laranja também foi severamente afetada pela seca, elevando os preços da fruta e do suco. Desde o final de 2023, os custos vêm subindo, impulsionados não só pela falta de chuvas, mas também pelas altas temperaturas e pela incidência de doenças como o greening. Com o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) mostrando um aumento de 41,12% no preço da laranja pera nos últimos 12 meses, especialistas como Fernanda Geraldini, do Cepea/Esalq – USP, alertam que pode levar até três safras para que os estoques de suco sejam recompostos.

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A irrigação poderia ser uma solução para mitigar os efeitos da seca, mas a realidade é que apenas uma minoria dos produtores brasileiros tem acesso a sistemas de irrigação adequados. Sandra Bonetti, secretária de meio ambiente da Contag, destaca que a implementação de tais sistemas requer grandes estruturas, inacessíveis para muitos agricultores de poucos recursos. Apesar de algumas iniciativas, como o uso de águas de reuso e a construção de cisternas, a seca prolongada demonstra a vulnerabilidade dos pequenos produtores, especialmente em regiões remotas do país.

Este cenário de seca extrema é resultado de uma combinação de fatores climáticos, incluindo o evento El Niño de 2023, que reduziu as chuvas e aumentou as temperaturas. O desmatamento na Amazônia agrava ainda mais a situação, prejudicando a distribuição de umidade. Com a previsão de um novo evento La Niña em setembro de 2024 e as projeções de aquecimento global, o Brasil enfrenta a possibilidade de secas cada vez mais frequentes e intensas, exigindo mudanças urgentes na gestão dos recursos hídricos e nas práticas agrícolas.

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