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Direita no Brasil

Pressão fiscal eleva dólar em 5,9% no governo Lula

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Passados 18 meses do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os indicadores econômicos do Brasil exibem um desempenho misto. O PIB do país registrou um crescimento de 2,9% no primeiro ano, superando a previsão inicial de 0,7% para 2023. Contudo, as contas públicas apresentam um déficit superior a R$ 260 bilhões, os piores números desde a pandemia de covid-19.

As perspectivas fiscais são preocupantes. Lula tem mostrado pouca disposição para cortar gastos, principal causa do aumento do déficit, apesar do crescimento na arrecadação. Esse cenário fiscal alarmante fez com que o dólar se valorizasse frente ao real, atingindo R$ 5,59, a maior cotação de seu governo até agora. Desde o início do mandato, o dólar subiu 5,9%, saindo de R$ 5,28 para R$ 5,59.

Dois fatores têm causado inquietação no mercado financeiro e influenciaram a aceleração do crescimento em maio e junho: o risco fiscal e a sucessão do Banco Central. Enquanto a equipe econômica fala em redução de despesas, Lula ainda questiona a necessidade de arrecadar mais antes de considerar cortes. Paralelamente, críticas do presidente ao Banco Central, especialmente ao presidente Roberto Campos Neto, aumentaram as preocupações sobre uma possível indicação de um substituto mais leniente com a inflação em 2025.

Em junho, Lula afirmou que os juros “iriam melhorar” após ele indicar um novo presidente para o Banco Central, aumentando a incerteza sobre a futura política monetária. A Selic, taxa básica de juros, caiu de 13,75% ao ano em janeiro de 2023 para 10,50% em junho de 2024, uma redução de 3,25 pontos percentuais. Este ciclo de cortes começou em agosto de 2023, com o Copom reduzindo a taxa sete vezes, seis delas em 0,5 ponto percentual e uma em 0,25 ponto percentual.

A inflação, medida pelo IPCA, acelerou para 3,93% no acumulado de 12 meses até maio, acima da meta de 3%, mas ainda dentro do teto de 4,5%. A crise no Rio Grande do Sul e as incertezas fiscais contribuíram para essa aceleração, levando a revisões nas projeções de inflação: para 2024, a estimativa passou de 3,69% para 3,98%; para 2025, de 3,30% para 3,85%; e para 2026, de 3,18% para 3,60%.

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O déficit primário do governo federal atingiu R$ 268,4 bilhões nos 12 meses até maio de 2024, o terceiro pior da série histórica do Tesouro Nacional, superado apenas pelos anos pandêmicos de 2020 e 2021. Em dezembro de 2022, o governo tinha um superávit de R$ 52,8 bilhões, mas a partir de junho de 2023, o déficit começou a se acumular.

Apesar das promessas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de equilibrar as contas públicas e alcançar um déficit zero, as medidas tomadas até agora têm focado mais no aumento da arrecadação do que na redução de despesas. Essa postura tem sido alvo de críticas de analistas do mercado, que apontam a necessidade urgente de cortes nos gastos públicos.

Por outro lado, a balança comercial apresentou resultados positivos, com um saldo de US$ 8,53 bilhões em maio de 2024 e um superávit acumulado de US$ 134,8 bilhões de janeiro de 2023 a maio de 2024. As reservas internacionais do Brasil também aumentaram significativamente, passando de US$ 324,7 bilhões no início do governo Lula para US$ 357,4 bilhões em junho de 2024, um incremento de US$ 32,7 bilhões.

Esse panorama econômico destaca um crescimento do PIB acima das expectativas, mas com desafios fiscais significativos que precisam ser enfrentados para garantir a sustentabilidade financeira do país. A combinação de alta inflação, déficit crescente e incertezas na política monetária continua a preocupar analistas e investidores.

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