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Direita no Amazonas

Quando surgiu os termos Direita e Esquerda na política e o que isso significa?

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Delegado Costa e Silva – Articulista | Para falar sobre a direita e a esquerda é preciso voltar na história. A Revolução Francesa (1789) foi um dos maiores acontecimentos da humanidade, onde pessoas com ideais revolucionários queriam a queda da Monarquia absolutista, forma de governo em que um rei ou rainha ocupa o cargo de monarca, sendo chefe de Estado.

Havia dois grupos de políticos que ocupavam a Assembleia Nacional Constituinte da França. Do lado direito sentavam os girondinos, considerados políticos moderados e conciliadores. Do lado esquerdo, os jacobinos, políticos mais revoltados e exaltados.

Para colocar o plano revolucionário em prática, jacobinos liderados por Maximilien de Robespierre, tomaram o poder e iniciaram a Lei dos Suspeitos, que julgava e condenava aqueles considerados traidores com morte na guilhotina. Eles cortaram a cabeça (guilhotinaram) milhares de opositores, inclusive do Rei Luís XVI e sua espaoa Maria Antonieta. Os jacobinos estavam insatisfeitos com a monarquia absolutista e a crise no país, tomando o poder para governá-lo. Eram defensores de um governo forte e centralizado e acreditavam na necessidade de ação vigorosa para defender a revolução.

Já os girondinos eram liderados por Jacques Pierre Brissot, defendiam a instalação de uma monarquia não absolutista, mas sim uma monarquia constitucional na França. Eles queriam estender a revolução por meios pacíficos e diplomacia. Portanto, eram contrários ao radicalismo defendido pelos jacobinos.

Apenas para título de conhecimento, atualmente, no ano de 2024, existem diversos países com uma monarquia constitucional, sendo eles, Reino Unido, Espanha, Países Baixos, Noruega, Dinamarca, Suécia, Mônaco.

Voltando ao assunto, os conservadores girondinos, após 04 anos, retomaram o poder através de um golpe chamado de Reação Termidoriana. Dessa vez quem teve a cabeça cortada foi Robespierre, líder dos jacobinos.

A imagem de uma figura forte e autoritária surgiu como possibilidade de resolução dos problemas franceses e disso nasceu o apoio a Napoleão Bonaparte, general do exército francês que liderava as tropas francesas contra as coalizões internacionais. Com isso, Napoleão organizou um golpe e tomou o poder em um evento conhecido como Golpe do 18 de Brumário, que aconteceu em 1799.

Nos dias atuais, a diferença entre direita e esquerda pode ser resumida da seguinte maneira: as pessoas que se dizem de direita acreditam em um melhor funcionamento da sociedade quando o governo é limitado e os indivíduos possuem mais poder. Ser de esquerda é estar mais preocupado com a coletividade, com o grupo e não com a individualidade, com um Estado maior regulando essas relações. Por exemplo, a educação infantil, o regimento interno das empresas, a economia, as assistências sociais de qualquer natureza e, até mesmo, os limites da liberdade de culto.

Neste caso, não deve haver nenhum poder que seja equivalente ao do Estado, nem os pais na família, nem os CEO’s das empresas, nem os proprietários das escolas particulares, nem os líderes religiosos nas igrejas e, finalmente, nem mesmo a consciência humana individual.

Já para a direita, o Estado deve ser menor e cuidar apenas do essencial, restringindo-se às necessidades mais absolutas das pessoas. Exemplos de necessidades assim seriam a defesa nacional, a garantia de abastecimento de mantimentos e de energia elétrica, água, etc. Neste pensamento, o governo é o último recurso, acionado apenas quando as pessoas não podem fazer nada por si mesmas, como família, associação, igrejas e afins.

Para os conservadores, se o governo cresce no poder e começa a dominar as esferas sociais como os liberais de esquerda defendem, veremos inevitavelmente as seguintes consequências: a corrupção aumenta, o poder e dinheiro acumulados e centralizados vão gerá-la, as pessoas no governo venderão influência para obter ganhos pessoais e políticos, já as de fora buscarão comprar essa influência e favores, sendo a corrupção um dos maiores problemas para uma sociedade evoluir.

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Além disso, a liberdade individual diminui. A liberdade individual é menos importante para a esquerda do que para a direita. Observando os desdobramentos de forma lógica, quanto maior o controle do governo sobre a vida das pessoas, menor a liberdade que elas tem.

Um estado inchado puxa para si a responsabilidade de executar vários serviços, que até poderiam ser contratados por carteira assinada, sem concurso público, já que nem sempre esses funcionários do Estado prestam um serviço que agrada a população.

O aumento de impostos é uma consequência de ter um Estado grande, um governo inchado, cheio de cabides de emprego, já que esses impostos serão utilizados para manter a máquina.

As simpatizantes de direita entendem que as pessoas precisam crescer com seu próprio, merecimento, muito trabalho, dedicação e estudo. Se não for assim, e o Estado apenas ficar dando as coisas, a sociedade será nivelada por baixo, deixando de lado a competitividade, enquanto alguém que está produzindo vai pagar essa conta.

Dentre as principais pautas político-ideológicas, temos as seguintes:

O Estado na direita: Estado com pequena participação para dar espaço à iniciativa individual.

O Estado na esquerda: Estado forte que controle quase todos os setores da sociedade para atender aos interesses coletivos.

A política econômica na direita: redução dos impostos e da burocracia, menor regulamentação das empresas, redução de gastos públicos, privatização de serviços públicos, promoção do empreendedorismo, liberalismo econômico e capitalismo de livre mercado.

A política econômica na esquerda: impostos sobre os mais ricos, regulamentação das empresas, estatização de serviços públicos, redistribuição de renda, reforma agrária, altos gastos públicos para manter o bem estar social. A saúde e educação para a direita devem ser deixados para iniciativa privada. Já na esquerda são direitos sociais e devem ser garantidos pelo Estado.

A política social na direita: igualdade perante a lei, igualdade de oportunidades, defesa da meritocracia, defesa das conquistas pelo esforço individual.

A política social na esquerda: atender as diferenças econômicas e sociais com a promoção dos direitos das minorias, cotas e programas sociais. Adiante, os conservadores entendem que a sociedade possa ter arma para se defender, desde que preenchidos os requisitos legais.

Entende que o crime é desvio de caráter. Defende a meritocracia. Entende que a religião é a base moral da sociedade e Deus está acima de todas as coisas. Defende a família como princípio de uma sociedade organizada. Entende que o lucro é a recompensa pelos riscos da atividade econômica. Os conservadores também são contra o aborto e legalização das drogas.

Por outro lado, a esquerda é favor do desarmamento, ou seja, apenas o Estado pode lhe proteger. O crime tem origem social dos que não tiveram oportunidades na vida. Entende que a sociedade que produz pode custar programas sociais para os menos favorecidos. Defende que o lucro é resultado da exploração de pessoas. Muitos são a favor da legalização das drogas e a favor do aborto.

Delegado Costa e Silva

é Articulista

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